A síndrome do Galo Cego.
- Galo Cego
- 21 de set. de 2014
- 3 min de leitura

Conforme eu havia afirmado anteriormente, fiz neste sábado o que havia feito outrora, fui ao mesmo ginásio ( acho mais justo chama-lá de quadra ), para acompanhar a equipe do Galo Cego em mais uma jornada.
O sábado começou chuvoso, em terras bandeirantes, e muito embora fôsse mais convidativo ficar em casa, protegido da chuva, venci a minha preguiça e as lamúrias femininas e fui a quadra ver o jogo.
Consegui chegar no horário e me sentei discretamente no canto da arquibancada aguardando o ínicio. Muitos devem ter se perguntado : " Quem será aquele velho ? " , mas apenas um ou dois me acenaram com a cabeça em forma de cumprimento.
Quando começou o segundo quadro, eu me lembrei muito da Copa do Mundo e de uma expressão muito utilizada pelo gaúcho, bufante e de bigode, que comandava a seleção nacional: Apagão.
O time do Galo Cego, simplesmente não se encontrava, e da forma mais absurda que eu vi foi levando gols e não conseguia reagir. A equipe jogava espaçada e apesar dos gritos incessantes que vinham do banco, nada acontecia em quadra a não ser gols adversários. Um verdadeiro massacre 11 x 3, e olha que o adversário não falava alemão.
Pensei comigo: " Saí de casa pra ver isso ? " .
Em qualquer outra equipe, ao final de um jogo desses, seria normal e natural cabeças baixas, jogadores pelos cantos com os olhares perdidos, como quem procura no meio da parede mais próxima uma explicação para tal desastre, até eu estava pau da vida. Mas ao olhar pra quadra, no banco do Galo Cego o que eu vi foram alguns poucos palavrões e risos e brincadeiras e alguma conversa, como quem comenta uma jogada que deu errado ao longo do jogo. Pensei comigo: " Porra, ele tomaram um sacode e estão nessa tranquilidade? ( peço desculpas pelo palavrão, mas expressei exatamente como eu havia pensado naquele momento ).
Mas como faz poucas semanas que acompanho o Galo Cego á distância, eu não conhecia o que eles mesmos chamam de " SÍNDROME DO GALO CEGO ".
Certamente eles conhecendo a tal síndrome, ficaram relaxados e entraram em quadra para o primeiro quadro, com uma tranquilidade que acho que assustou até o adversário.
Muito embora estivessem tranquilos, eles estavam mais aguerridos e agrupados. Espantoso o que acontece naquele banco, preciso até me aproximar mais para desvendar esse mistério, pois são os mesmos jogadores do segundo quadro mas com uma motivação diferente.
O time jogava com inteligência, uma marcação mais dura e próxima e contra ataques mortais. Naturalmente irritou o adversário, que começou a pressionar o árbitro e a jogar de forma mais dura e desleal.
O árbitro era contestado a todo o momento, a cada falta, cada lateral, cada encontrão era motivo de reclamação e o apitador foi perdendo o jogo, o respeito dos jogadores e a sua própria calma.
Eis que veio o lance que culminaria, na substituíção do árbitro. Em uma jogada veloz, Mário Billa foi dividir uma bola e foi solado , com maldade, pelo adversário. Foi uma cena forte, um barulho assustador e minutos de tensão. Muito embora a falta fosse clara, o juiz nada deu e ai se seguiram xingamentos de toda espécie e idioma.
Jayson ( descobri como se escreve o nome dele ), estava insandecido, xingou até em grego arcaíco e foi expulso, Mário Billa foi retirado da quadra carregado ( felizmente não foi nada grave ), e o juiz não suportou a pressão posterior e entregou o apito ao seu substituto, que entrou firme e acalmou o jogo.
E o inacreditável aconteceu, o Galo Cego atropelou seu adversário, por 8 x 3 . O adversário saíu da quadra com seus jogadores discutindo, o clima no vestiário deles era tenso, tamanho o zum zum zum que vinha de lá.
Devo destacar mais uma vez as atuações de Mário Billa e Totonho ambos foram perfeitos na partida. China ( que ressalto não é e nem se parece com um ), também se destacou na partida, com desarmes precisos e ataques perigosos como o chute no vácuo. Jefferson oscilou um pouco, mas teve papel determinante ao salvar um gol sobre a linha. Jayson se movimentou mais e buscou jogo, foi perfeito na defesa e não deu nenhuma chance ao adversário. O goleiro Adal, mesmo machucado, permaneceu em quadra e mostrou raça, passou tranquilidade a defesa e fez intervenções precisas. Rafael Buso, Rafael Zinni e Allan, não comprometeram e se doaram da mesma forma.
E eu que ao fim do segundo quadro me questionava o porquê eu estava na quadra naquela tarde de sábado chuvosa, tive minha resposta:
Fui ( junto com o adversário ), conhecer a SÍNDROME DO GALO CEGO.
Escrito por: José Dias Lopes ( jornalista, escritor e diretor ).
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